Dona Cila!

Música linda, que traduz perfeitamente o que sinto:

Querida mãe

As saudades são muitas... se passaram 4 meses e o meu aniversário! O primeiro sem você...

 Mas sei e sinto que você está bem onde está, e que está presente em nossas vidas... Quando fui montar a árvore de natal, achei que ficaria muito triste, pois sempre fizemos isso juntas, mas curiosamente não fiquei! Montei uma linda árvore, como você faria, e no lugar da tristeza, senti na verdade muita saudade e uma gostosa sensação de pensar quantos bons momentos tivemos juntas... como soubemos aproveitar uma a presença da outra! Sempre conversamos muito, rimos muito. E quando nos desentendíamos, não durava nem 5 minutos... foi muito bom ter tido você como mãe, ter recebido seu amor incondicional, seu carinho e seus ótimos conselhos... foi muito bom ter convivido com o seu sorriso e o seu abraço, que jamais acharão substituto, mas que também não deixam tristezas, só alegria!

O Natal está chegando! Será a primeira vez que a família irá se desintegrar... isso porque você sempre foi acolhedora, e a referência para todos de festa, família e aconchego, ou seja, Natal!

 Agora teremos a chance de colocar em prática tudo que você nos ensinou: a manter a cabeça erguida, o sorriso no rosto e a paz no coração aconteça o que acontecer!

Te amo, mãe... em breve a gente se encontra...

beijos

recadinho pra vovó!

Ontem, Davi ganhou um balão de gás hélio, o que lhe deu uma idéia:

_ Mamãe, vamos fazer um desenho, amarrar no balão e mandar lá pro céu, pra vovó ver?

_ Que lindo filho. Vamos sim...

_ Você escreve pra mim, vovó eu te amo?

_ Tudo bem...

E assim fizemos... Davi enviou, em um balão azul, um desenho pra vovó escrito vovó eu te amo!

 

dia da saudade...

Hoje tá me batendo uma saudade imensa da mamãe... talvez seja porque está chegando o dia de viajarmos pro sul numa tentativa de fugir da tristeza de passar o aniversário do papai sem ela! 

Não sei, mas tomara que os ares do sul nos distraiam... Mas sinto que, aos poucos, estamos todos aprendendo a conviver com esse espaço vazio que ela deixou!

É tão estranho pensar que a nossa sociedade, tão moderna e evoluída, até hoje não sabe bem como lidar com a morte. Será que é só uma questão cultural, ou é uma questão de fé? Será que a morte significa mesmo o fim da linha? Ou será um recomeço como os espíritas, budistas, etc. acreditam?

Eu prefiro acreditar que é um recomeço... e acreditando nisso, fica mais fácil encarar a situação. Porque pra mim, ela está viva e a morte não representa o fim, mas apenas uma breve despedida... em algum momento nós estaremos juntas de novo!

Mas é claro que, mesmo assim, a saudade quando vem, dói no peito. Principalmente, quando vem aquela vontade louca de abraçá-la, beijá-la, enfim senti-la fisicamente. E parece que pelo simples fato de sabermos que isso é impossível, aí que a vontade aumenta... 

Então,  a minha vida, e acredito que a de todos os que perdem alguém muito querido, virou um exercício diário... todos os dias tenho que controlar minhas emoções, a tristeza e a saudade. E constantemente me lembrar que, na verdade, eu fui presenteada em tê-la na minha vida e que o seu descanso foi justo e merecido. 

Esse exercício ajuda muito, pois assim afasta sentimentos terríveis como o da auto-piedade, que de nada contribuem e só servem para aumentar o nosso sofrimento e também o daqueles partiram! 

Pra quem tem fé na perpetuação da vida após a morte, deve se lembrar  que a trajetória da alma e o seu desenvolvimento depende muito também dos que aqui permaneceram... nós que ficamos, temos o dever para com aqueles que partiram de cultivar o desapego e permitir que seu espírito se liberte. E isso nós fazemos aravés de orações e também reaprendendo a seguir o nosso caminho.

Nós nascemos sozinhos e morreremos da mesma forma. Não podemos responsabilizar ninguém por nossas alegrias ou tristezas... nem os que aqui estão e menos ainda aqueles que se foram!

Claro que isso tudo é muito difícil. É por isso devemos fazer um exercício diário, para nos lembrarmos que nós temos o livre arbítrio e o total controle das nossas vidas... então que procuremos escolher sempre o melhor!

começar de novo...

A vida nos coloca situações que nunca imaginamos. Eu nunca imaginei que perderia minha mãe tão cedo. Sempre achei que ela estaria conosco por muitos e muitos anos e que veria meu filho crescer...

A dona Marta, ou a Martinha como alguns chamavam, tinha sede de vida. Fazia tudo com alegria e dedicação e nunca perdia tempo... era como se, de alguma forma, ela soubesse. Mas agora, o que sinto, é que não seria justo com ela se eu decidisse ficar deprimida, ou se resolvesse parar minha vida e me entregar ao sofrimento. Não seria justo porque ela foi tão feliz, tão brilhante e tão especial na minha vida... passar esses 28 anos ao lado dela foi um privilégio!

Eu digo, sem me preocupar com o exagero, que eu tive uma mãe como poucos. Ela soube ser firme quando necessário, mas sobretudo, foi minha grande amiga e conselheira. Devo a ela tudo o que sou, e simplesmente não consigo pensar nela e ficar triste. Sinto um tremendo aperto no peito, claro, por saber que ela não está mais aqui, mas quando penso nela, a minha reação imediata é sorrir. Pensar na minha mãe, pensar em 28 anos vividos com ela, e chegar a conclusão de que não tenho absolutamente nada a me queixar, não me deixa  chance de me entristecer, mas somente agradecer a Deus por ter me concedido tamanha graça! 

As saudades me acompanharão por muito tempo, provavelmente por toda a minha vida, mas a missão dela foi cumprida por aqui, com toda certeza!

Essa foto foi tirada em maio de 1983. Época que eu tinha 1 ano e 5 meses!

uma história

Nós crescemos ouvindo divertidas história sobre as coisas que minha mãe aprontava junto com seus irmãos e o primo Jarbas. A última que ouvi, foi de quando minha mãe, o tio Jarbas e a tia Mary viajaram juntos. Eles tinham ganhado um dinheiro de uma tia pra viagem, mas acabaram torrando tudo na 25 de março em biquinis, bijuterias e coisas do tipo... fizeram a festa, depois ficaram sem nenhum centavo pra viajar. Como se não bastasse a mamãe tinha comprado a passagem errada...

Bem, a solução foi que a dona Marta e o Jarbas subiram num banquinho, pegaram um evangelho que uma evangélica tinha dado e começaram a pregar em plena rodoviária... e não é que eles conseguiram arrecadar um dinheirinho?

Só não sei se aprenderam a lição. Acho que não (D:)

uma lembrança do Davi

Ontem no café-da-manhã Davi disse:

_ Mamãe, lembra que a vovó quando acordava dizia assim: "Daviii, vem tomar café", aí eu respondia que já tomei. Então ela dizia "toma de novo".

E soltou uma risada doce da gostosa lembrança...

uma visita ao Iuri

O Iuri é meu afilhado e sobrinho-neto da mamãe. Ontem, ao acordar, a primeira coisa que disse a sua mãe foi:

_ Mamãe, como a tia Marta viaja do céu até aqui pra visitar a gente?

_Você sonhou com a tia Marta, filho?

_ Mamãe, como a tia Marta viaja do céu pra cá???

 

Davi, Iuri e Cauã

Nuvem passegeira...

Hoje tocou na rádio uma música que minha mãe adorava e costumava dizer que era a música dela... a música é "nuvem passageira" do Hermes de Aquino. 

Quando ela  a ouvia, sempre soltava aquele lindo sorriso e dizia: "Lá pelos anos 70 e poucos eu tinha um fusca azul... eu dirigia sempre que nem louca, correndo no meu fusquinha e então, ele foi apelidado de nuvem passageira."

Hoje ouvindo a música, percebo o quanto realmente se parecia com ela... a mamãe tinha pressa de viver! Parecia um furacão. Fazia tudo o que precisava fazer e mais um pouco na maior rapidez, com uma energia que só ela. E, o incrível, é que tudo ficava impecável!

Ai ai, que saudade de você!

Segue o link pra quem quiser ouvir a música:

http://www.youtube.com/watch?v=PtOXZkaduvY 

Davizices

_ Olha, uma estrela! É a vovó?

***

_Aqui em casa tem 4 santistas. Eu, o meu vô, a minha mãe e a minha vó, que tá laaaá no céu.

Nossa querida marta!

Marta é a minha querida mãe... ela nos deixou no dia 18 de agosto de 2010. Viveu conosco 54 anos. Nesses anos todos deixou uma marca na vida daqueles com quem conviveu... uma marca de amor, alegria e gentileza. Teve quem a descrevesse assim: "a Marta era um lugar; um lugar pra onde sempre podíamos fugir e nos esconder com a certeza de que lá teríamos conforto, carinho e compreensão."
Assim foi minha mãe! 
Criamos esse blog com o intuito de ser uma terapia, a "blogoterapia", mas infelizmente ela não teve ânimo nem forças para conduzí-lo. Ela sofria de um câncer, que se expalhou rapidamente. Sua luta durou dois anos. Foram dois anos de aprendizado. Aprendemos a conviver com a doença, com a dor, com o sofrimento. Aprendemos a lidar com remédios, cadeiras de roda, enfermeiras e ambulâncias no meio da noite. Agora estamos aprendendo a lidar com a ausência. Ausência de quem sempre encontrou um motivo para sorrir. Ausência de quem sempre soube ter fé e esperança. Ausência de quem sempre soube dar ótimos conselhos. De quem sempre fez tudo com competência e dedicação. Essa será a mais difícil de todas as lições, mas nós temos o tempo a nosso favor. Aquele que tudo cura. Que tudo ensina. E de onde ela estiver, estará olhando por nós.
Amanhã completaremos 1 mês sem ela. Às vezes acho que vou abrir a porta e dar de cara com ela sorrindo...

Quero que você saiba, mãe, que nós estamos bem. Estamos aprendendo aos poucos a acomodar essa saudade dentro do peito! Encontraremos um lugar pra ela. Sua luz, seus ensinamentos, seu sorriso sempre estarão conosco... e eu te encontro dormindo! Te espero nos meus sonhos... fique em paz!

Davi passeando de triciclo

Vou inaugurar o blog com a foto dos meus 54 anos, comemorados ao lado da minha família. Minhas duas filhas, meus dois netos e meu marido! Um aniversário que foi uma vitória...